Quem é o aluno com altas
habilidades/superdotação?
Embora
ainda não exista uma definição universal de altas
habilidades/superdotação, inúmeras pesquisas têm sido realizadas com o
intuito de dar respostas a questões ligadas à definição de superdotação.
Tanto que a literatura especializada é rica quanto às
citações de diferentes autores. Dentre elas, cita-se as seguintes:
A
Política Nacional de Educação Especial do Ministério da
Educação / Secretaria de Educação Especial (1994) adota o conceito de
Marland, que define como pessoas – crianças e adultos com altas
habilidades / superdotação as que apresentam desempenho acima da
média ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos,
isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica
específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de
liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora.
Uma conceituação atualmente aceita por vários autores sobre
o que seja a pessoa superdotada é a de Renzulli, no seu Modelo dos Três Anéis.
Segundo
este pesquisador, o comportamento superdotado
consiste na interação entre os três grupamentos básicos dos traços
humanos: habilidades gerais e/ou específicas acima da média, elevados
níveis de comprometimento com a tarefa e elevados níveis de
criatividade.
Habilidade acima da média:
referem-se aos comportamentos observados, relatados ou demonstrados que
confirmariam a
expressão de traços consistentemente superiores em qualquer campo do
saber ou do fazer. Assim, tais traços apareceriam com freqüência e
duração no repertório de uma pessoa, de tal forma que seriam
percebidos em repetidas situações e mantidos ao longo de períodos de
tempo.
Criatividade:
são os comportamentos visíveis por intermédio da demonstração de traços
criativos no
fazer e no pensar, expressos em diferentes linguagens, tais como:
falada, gestual, plástica, teatral, matemática, musical, filosóficas ou
outras.
Envolvimento com a tarefa: relacionam-se aos comportamentos observáveis por meio de expressivo nível de interesse,
motivação e empenho pessoal nas tarefas que realiza.
Um
dos aspectos que Renzulli dá ênfase em sua concepção é o
motivacional. Esse aspecto inclui uma série de traços, como:
perseverança, dedicação, esforço, autoconfiança e uma crença na sua
própria habilidade de desenvolver um trabalho
importante.
Qual a origem das altas
habilidades/superdotação?
Como
na grande maioria das demais áreas da vida humana, a
discussão científica sobre o talento tem sido permeada por defesas da
herança biológica e da estimulação ambiental. Da mesma forma que nos
demais casos, é muito difícil poder apontar com exatidão
quanto de determinação cabe a um e a outro. Entretanto, pode-se afirmar,
com razoável segurança, que ambos contribuem para o processo de
desenvolvimento de uma pessoa dotada de altas
habilidades/superdotação, e que um ambiente estimulador favorece a
manifestação de suas características.
Quais os tipos de alunos com altas
habilidades/superdotação?
Dos tipos mencionados na literatura, destacam-se os
seguintes:
Tipo Intelectual -
apresenta flexibilidade, fluência de pensamento, capacidade de
pensamento abstrato para
fazer associações, produção ideativa, rapidez do pensamento, compreensão
e memória elevadas, capacidade de resolver e lidar com problemas.
Tipo Acadêmico -
evidencia aptidão acadêmica específica, de atenção, de concentração;
rapidez de
aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas disciplinas
acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e
organizar o conhecimento; capacidade de produção
acadêmica.
Tipo Criativo -
relaciona-se às seguintes características: originalidade, imaginação,
capacidade para
resolver problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade para as
situações ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente, e até
de modo extravagante; sentimento de desafio diante da
desordem de fatos; facilidade de auto-expressão, fluência e
flexibilidade.
Tipo Social -
revela capacidade de liderança e caracteriza-se por demonstrar
sensibilidade
interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, habilidade
de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações
sociais, percepção acurada das situações de grupo, capacidade
para resolver situações sociais complexas, alto poder de persuasão e de
influência no grupo.
Tipo Talento Especial - pode-se destacar tanto na área das artes plásticas, musicais, como dramáticas,
literárias ou técnicas, evidenciando habilidades especiais para essas atividades e alto desempenho.
Tipo Psicomotor - destaca-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras,
evidenciando desempenho fora do comum em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora.
Esses
tipos são desse modo considerados nas classificações
internacionais, podendo haver várias combinações entre eles e,
inclusive, o aparecimento de outros tipos, ligados a talentos de mais
habilidades (MEC,SEESP, 2002).
Quais as características mais comuns do alunado que
apresenta altas habilidades/superdotação?
Suas características variam, mesmo porque cada um apresenta
perfil diferenciado, de pensar, de aprender, de agir e de desenvolver seu potencial.
Entretanto, há um elenco de características consideradas
universalmente, como:
Curiosidade e vivacidade mental;
Motivação interna;
Persistência na área de seu talento;
Facilidade de compreensão e percepção da
realidade;
Capacidade de resolver problemas;
Energia;
Habilidade em assumir riscos;
Sensibilidade;
Pensamento original e divergente;
Conduta criativa.
Nem todos apresentam as mesmas características, visto que
elas podem variar em grau de intensidade e na forma de sistematizar os comportamentos.
Como identificar as altas
habilidades/superdotação?
O
propósito principal da identificação, jamais deve ser o
de rotular, mas sim motivo para estabelecer uma ação pedagógica
adequada, que venha ao encontro das necessidades educacionais, sociais e
emocionais dos alunos e esteja expressa no projeto político
pedagógico da escola.
Há duas linhas direcionais levando à identificação:
Uma
através de medidas estandardizadas, apoiadas em um
critério fixo, ou ponto de demarcação, indicando o limite mínimo de
produção que deve ser alcançado, antes que seja reconhecida a existência
de talento;
Outra,
ao contrário, desenhando um processo de
identificação ao longo de uma dimensão de tempo, baseado na seqüência de
acontecimentos naturais do dia-a-dia, orientado pela observação
contínua, direta e cuidadosa, nas mais diversas situações de
ação, produção, posição e desempenho nas quais as crianças estiverem
envolvidas.(GUENTHER,2000)
Contudo,
é importante destacar que reconhecer crianças como
superdotadas não significa predizer um futuro brilhante para elas.
Pessoas que alcançaram a notoriedade só o conseguiram após muitos anos
de dedicação e esforço na mesma área, com apoio e estímulo,
alto grau de criatividade, além de enfrentar a concorrência no campo de
atuação.
Existe amparo legal para o atendimento ao
superdotado?
Dentre os documentos legais existentes sobre esta temática,
podemos destacar:
LDBEN nº 9394/96
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 02/2001
DELIBERAÇÃO Nº02/03 – CEE
Quais as alternativas para o atendimento ao
superdotado?
Segundo
as diretrizes básicas traçadas pelo Ministério de
Educação – MEC, no Brasil, as alternativas utilizadas são:
enriquecimento curricular e aceleração, ou as duas combinadas. Tanto uma
quanto a outra devem estar de acordo com as características da
escola e adequadas à realidade do aluno.
O que pode fazer o professor pelo aluno
superdotado?
É importante apontar que nenhum professor necessita
apresentar altas habilidades para ensinar alunos que as apresentam.
O
que compete ao professor é a identificação das áreas de
altas habilidades do aluno, observando como estas estão sendo utilizadas
no contexto escolar, e planejando as atividades de ensino de forma a
promover o crescimento de acordo com o ritmo, as
possibilidades, interesses e necessidades do educando.
Toda
ação pedagógica utilizada com o superdotado pode ser
utilizada com qualquer aluno. Considerações como estas, NOVAES (1981) em
seu artigo “Benefícios da Educação do Superdotado Extensivo a Todos”,
chama atenção para o fato de que propostas de
enriquecimento curricular e estratégias tem sido também aproveitados em
situações de aprendizagem com alunos não necessariamente superdotados.
Qual o papel da Educação Especial no que se refere ao aluno
com altas habilidades/superdotação?
A
Educação Especial deve atuar na relação pedagógica para
assegurar respostas educacionais de qualidade às necessidades especiais
do aluno com altas habilidades/superdotação, por meio de serviços,
recursos e metodologias em todas as etapas ou modalidades da
Educação Básica, que dela necessitarem para o seu sucesso escolar.
0 comentários:
Postar um comentário